domingo, 8 de agosto de 2010

Pai

Ser pai é ser tudo.
Não sei ainda descrever o que é. Só sei que é uma sensação completada por tanta coisa, tanta força, tanto sentimento, que nem sei como descrever. Ainda.
Ser pai é algo maravilhoso. Faz sentir que viver vale a pena.
Parece até arrogância ou algo pior dizer que, no meu caso, nenhuma mãe sentiu o que descobri tendo dois filhos que amo tanto.
Para algumas pessoas que digo isso, duvidam de mim. Para outras, tal constatação de meu coração é motivo de risada... Para outras, apenas recebo a resposta num comentário mordaz: "você não sabe o que é ser mãe"...
Alguém sabe o que sinto sendo pai? Afora meu coração, que já viveu tanta coisa em seus quase 50 anos, só eu sei o que sinto. E isto me basta.
Mães - e sei que são especiais - podem ter sentido algo igual ao que sinto sendo pai. Mais? eu duvido!
É que já aprendi que é impossível ser mais do que sou sendo pai. Simples, assim!
Quando dizem que exagero sabendo o que sinto sendo pai, respondo que eu sei o que sinto sendo pai. E isto me basta.
Só queria ter competência para mostrar aos meus filhos o quanto os amo. Sempre me cobraram que devemos ser mais exemplo do que palavras... Mas acredito que, com minhas palavras, poderão perceber sempre que os amo muito, mesmo às vezes não podendo ser bom exemplo. Na minha condição humana, portanto sujeita a erros, espero mostrar-lhes um dia que sempre procurei fazer a coisa certa. Mesmo nos meus erros. E que quando errei, aprendi muito assim agindo. E tais lições, que me custaram sofrimento caro e atroz, pude crescer como gente para tentar, com palavras muito mais que com gestos, ser pessoa melhor para que fosse exemplo além de palavras...
Perdi meu pai quando criança. Aprendi sozinho a ser pai. Não tive ajuda, apoio, orientação. Meus instintos estavam certos e pude ter filhos maravilhosos. E os amo. Espero ainda alguns anos de vida para poder ser para eles muito mais exemplo do que palavras.
Mas que saibam amar as palavras, para transformá-las em gestos. E que das vezes que ressurgi, mesmo sem saber nadar, dos mergulhos dos bárbaros e infecundos sofrimentos por onde trilhei equivocadamente na vida, tenham restado motivos de coisas boas para que, um dia, ao serem pais, possam só ter coisas boas para contar do que lamuriar ou lembrar em pleno Dia dos Pais.
Se eu pudesse dar a eles algum bom exemplo? Que fosse o de conhecerem bem as palavras, seus significados e importância, para que os gestos que adotassem e praticassem pudessem ser concretos, definitivos, eternos, amigos, puros, cidadãos...
Meus filhos amados... Que saibam crescer nas adversidades, e que disso possam lembrar com orgulho do pai que tiveram.
Que amem as crianças e nelas acredite que este Planeta pode ser salvo!
Que propaguem que amar o meio ambiente e ter a educação como causa da vida pode mudar o mundo!
Que saibam ser generosos, apesar da dureza da vida e do sistema capitalista nojento que nos governa.
Que saibam amar a natureza, os animais, as plantas... e lembrar do pai...
Que saibam viver a vida sem a necessidade de apelar para algo duvidoso...
Que estejam atentos estes dois meus lindos filhos para ser gente do bem, sempre. É importante ser! O ter não é nada! Que saibam disso!
E que encham a boca para gritar a todos: ser pai é ter tudo!
E que com o tempo possam encontrar palavras para descrever esta maravilhosa emoção da vida!

Dinarte Lopes

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