quarta-feira, 23 de março de 2011

A HORA DO PLANETA EM ITAJUBÁ


Apague a luz  A Hora do Planeta é um evento mundial liderado pela ONG WWF e acontece no último sábado de março em todo mundo. Desde o ano passado, tem a participação e adesão oficial de Itajubá por meio da Câmara Municipal. Em todo mundo, das 20h30 às 21h30, as luzes dos principais monumentos e referências turísticas, históricas e culturais de centenas e centenas de cidades pelo mundo afora – somando já algumas milhares delas – apagam suas luzes numa convocação mundial para reflexão sobre o que a humanidade está fazendo com seu lar: o Planeta Terra.


Milhares e milhares de pessoas saem às ruas para, numa hora de muita atividade cultural, permanecerem no escuro ou sob luz de velas, se manifestando em favor da preservação da natureza, em defesa da vida. É um movimento que não para de crescer.


No ano de 2010 Itajubá participou oficialmente da Hora do Planeta pela primeira vez, fato que repete em 2011. O centenário prédio da municipalidade na praça Amélia Braga, nº 45, no centro da cidade onde está situada a Câmara Municipal de Vereadores, aderiu à Hora do Planeta e por uma hora teve suas luzes apagadas. O prédio denominado Palácio Vereador José Décio Martins é o símbolo da cidade que apaga suas luzes em celebração e reflexão pela Hora do Planeta.
 Este projeto de lei quer oficializar o evento, tornando efetiva a participação itajubense neste evento que já ocupa destaque no calendário mundial: a Hora do Planeta ocorre sempre no último sábado de março, ocasião em que no hemisfério sul está se passando do verão para o outono e no hemisfério norte está encerrando o inverno e chegando a primavera, época em que o clima tanto ao norte como no sul oferece certa semelhança principalmente na temperatura mais amena.

TORNAR OFICIAL


Oficializar a data no calendário de eventos do município é consagrar a participação da comunidade e ter parceria pública no evento que só pede que anualmente seja feito pelos participantes um cadastramento oficial no site do WWF-Brasil. A iniciativa da participação de Itajubá – extra-oficialmente em 2009 e oficialmente em 2010 e 2011 – é da própria comunidade, por meio de pessoas afiliadas ao WWF e também ambientalistas e artistas itajubenses.


Na Câmara, por intermédio destes vereadores que subscrevem o projeto – José Maria Mendes (Bala), do PV, e Profº Paulino Sales Abranches, do PT –, a idéia de fazer com que o Palácio Vereador José Décio Martins fosse o símbolo itajubense do ato de apagar as luzes ganhou força e toda Câmara Municipal endossou a idéia. A proposta deste projeto nasceu ali. Hoje começa a ser realidade e a Câmara de Itajubá definitivamente adere à Hora do Planeta.


Em todo o globo terrestre a Hora do Planeta é celebrada no último sábado de março, das 20h30 às 21h30. Cidadãos e comunidades, governos, empresas e organizações diversas estão neste dia e horário apagando as luzes por uma hora. Monumentos mundiais participam. Cidades inteiras também. No Brasil, por exemplo, que aderiu à Hora do Planeta no ano de 2009, o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, teve suas luzes apagadas, como também o Congresso Nacional e a Catedral de Brasília, o Teatro Amazonas em Manaus, e vários outros símbolos de cidades diversas. Isto vem crescendo fantasticamente desde então, prometendo-se muitos para os próximos anos.


A proposta para Itajubá é que o evento passe a ser comemorado junto com a programação de aniversário da cidade e possa ter toda a comunidade fazendo a diferença. O sonho com esta lei é ter artistas, crianças e jovens, e toda a comunidade se encontrando na praça Dª Amélia Braga, em frente ao prédio da Câmara, que em 2012 será centenário, para uma festa anual com cantoria e manifestação de acender pequenas velas, garantindo o sucesso desta mensagem pelo Planeta.


Caso a Câmara adote a presente proposta da Hora do Planeta em Itajubá, os artistas e os ambientalistas, certamente apoiados por significativos segmentos da comunidade, pretendem que o evento anual que mobiliza todo o mundo tenha o Palácio Vereador José Décio Martins como ponto de partida para ampliar o apagar das luzes em Itajubá de 2012 em diante, numa onda crescente. Portanto, este projeto de lei não tem intenção de criar mais uma lei, mas de garantir que Itajubá e seus governos Executivo e Legislativo façam acontecer a Hora do Planeta.


O QUE É


A Hora do Planeta acontece no último sábado do mês de março e é oportunidade de manifestação contra o aquecimento global e também de conscientização das pessoas sobre o que está sendo feito com o globo terrestre. Teve início apenas em Sidney, na Austrália, em 2007. Mas a idéia ganhou o mundo todo. Já em 2008, 371 cidades foram participantes em vários continentes. Em 2009 o Brasil participou pela primeira vez e até na Antárctica houve manifestação de uma hora de luzes apagadas. Já em 2010, a ação mundial só cresceu e no Brasil não foi diferente. Nem em Itajubá.


Nos dois últimos anos, o movimento Hora do Planeta superou todas as expectativas. Em 2009 atingiu cerca de 4.000 cidades em 88 países. Ícones globais como a Torre Eiffel, em Paris, o Coliseu, em Roma, o Big Ben, em Londres, e a Time Square, em Nova York, tiveram suas luzes desligadas nesta manifestação durante uma hora. Em 2010 não aconteceu o mesmo: foi ainda mais! Cerca de um bilhão de pessoas de 125 países participaram do gesto simbólico contra as mudanças climáticas.


No Brasil o ato contou com 98 cidades – inclusive Itajubá –, sendo 20 capitais...


A ação do WWF envolve muita gente famosa, dentre artistas, atletas, intelectuais e celebridades, todos voluntariamente na campanha Hora do Planeta e sua mobilização.


Itajubá participou pela primeira vez em 2010 e a ação em torno do prédio da Câmara serviu ainda para mobilização da comunidade e de lideranças, além de conhecimento e informação sobre a importância das questões ambientais. A Hora do Planeta em Itajubá também dá carona aos esforços de artistas para valorização da comunidade ao prédio da municipalidade onde está sediada a Câmara Municipal – um dos últimos prédios históricos da cidade e que a partir da participação itajubense na ação global do WWF ficará estabelecido como um ícone, um símbolo de Itajubá.


Um dos sonhos dos artistas é que este prédio, que sedia o Espaço Cultural Luiz Teixeira no seu salão principal, de entrada, um dia tenha destinação exclusivamente cultural. E para participar do evento na Hora do Planeta, pretende a cada ano fazer valer a adoção de pequenos hábitos, simples, como separar o lixo para reciclagem, economizar água, utilizar lâmpadas econômicas, dar preferência ao transporte público, comprar produtos de marcas que respeitem o meio ambiente, desligar os aparelhos que ficam em standby, e, dentre outras ações, escolher aparelhos elétricos que tenham o selo “Procel” – que indica os produtos que apresentam os melhores níveis de eficiência energética dentro de cada categoria.


15 ANOS DE WWF-BRASIL


A sigla WWF significava, quando foi criada em 1961, “World Wildlife Fund”, o que foi traduzido como “Fundo Mundial da Natureza” – em português. Porém, com o crescimento da organização ao redor do planeta nas décadas seguintes, a atuação da instituição mudou de foco e as letras passaram a simbolizar o trabalho de conservação ambiental de maneira mais ampla. Com isso, a sigla ganhou sua segunda tradução: “World Wide Funde for Nature”, ou “Fundo Mundial para a Natureza”.


Hoje em dia a sigla WWF tornou-se tão forte internacionalmente que, para evitar confusão ou mensagens equivocadas, não se faz mais tradução para qualquer significado literal. Ou seja, agora é conhecida simplesmente como WWF – uma organização de conservação global. A única exceção é a América do Norte, onde Estados Unidos e Canadá continuam usando o antigo nome de “Fundo Mundial para a Natureza”.


No Brasil o WWF foi criado em 30 de agosto de 1996, portanto já vai completar 15 anos.


A organização WWF-Brasil integra a Rede WWF, uma das maiores organizações de conservação da natureza no mundo. É uma organização não-governamental (ONG) brasileira dedicada à conservação da natureza com os objetivos de harmonizar a atividade humana com a conservação da biodiversidade e promover o uso racional dos recursos naturais em benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações.


O WWF-Brasil é sediado em Brasília e desenvolve projetos em todo o país. Integra a Rede WWF, a maior organização independente de conservação da natureza, com atuação em mais de cem países e apoio de cerca de cinco milhões de pessoas, incluindo associados e voluntários.


MAIS ATUAÇÃO


O Brasil é dono de uma das biodiversidades mais ricas do mundo, possui as maiores reservas de água doce e um terço das florestas tropicais que ainda restam no Planeta Terra. Estima-se que no país está uma em cada dez espécies de plantas ou animais existentes. Por estas razões, o WWF atua no país desde 1971 e hoje é uma organização não-governamental genuinamente brasileira que integra a maior rede mundial de conservação da natureza.


Oficialmente brasileira desde 1996, o WWF-Brasil, ao longo desses 14 primeiros anos, apoiou cerca de 70 projetos em todo o país. Alguns exemplos são o Programa de Conservação do Mico-Leão-Dourado e o Projeto Tamar, iniciados nos anos 80 e que estão entre os mais importantes trabalhos de conservação da natureza brasileira.


Dirigido por um Conselho Diretor formado por representantes do empresariado, ambientalismo e outros setores da sociedade brasileira, o WWF-Brasil executa dezenas de projetos em parceria com ONGs regionais, universidades e órgãos governamentais. Desenvolve atividades de apoio à pesquisa, legislação e políticas públicas, educação ambiental e comunicação. Além disso, há também projetos de viabilização de unidades de conservação, por meio de estímulo às alternativas econômicas sustentáveis envolvendo e beneficiando comunidades locais.


para ver um mundo melhor.

Sábado, 26 de março de 2011, a partir das 20h30.

http://www.horadoplaneta.org.br/

A HORA DO PLANETA ME TRAZ DE VOLTA

Boa chance para recomeçar. Para melhor administrar o tempo (até parece que ele permite!...), para disciplinar o ato de escrever "para si próprio", para se expor um pouco mais e ter onde registrar, sem medo de perda, o material do dia-a-dia que passa pela cabeça pensante e nunca desistente das coisas da vida...
É o que me oferece a Hora do Planeta.
Claro: esta é uma oferta bem egoísta.
E pensar que a Hora do Planeta é tão ampla na sua reflexão e mobilização!!!
E vamos em frente (que atrás vem muita gente!)...


Que marcas você quer deixar no planeta? Calcule sua Pegada Ecológica.

Referência:
Que marcas você quer deixar no planeta? Calcule sua Pegada Ecológica.


Ei, você! APOIE O WWF-Brasil!
Participe da HORA DO PLANETA!

domingo, 8 de agosto de 2010

FAZER ALGUMA COISA

Pensamento de Sócrates... Quanto valeria?
Nos tempos de agora tudo tem valor ou preço. E a amizade?
Alguns amigos agente tem que, mesmo sem muito contato, valorizar e sentir como verdadeiro irmão. Alguns amigos são mesmo especiais e pudera a vida fazer com que todos nossos amigos fossem especiais...
Sempre recebo e-mail's bonitos do amigo Luiz Raponi, da Prefeitura de Itajubá. Sempre manda junto uma mensagem. A última que recebi é de Sócrates, da Grécia Antiga. Diz:

"Não está ocioso apenas aquele que não faz nada,
mas também aquele que poderia fazer algo melhor."

Raponi não sabe que estou "inaugurando" um blogzinho. Mas sua frase ou citação vem como uma injeção de ânimo.
Obrigado, Raponi!

Dinarte Lopes (que o tem guardado no lado esquerdo do peito, dentro do coração!)

Pai

Ser pai é ser tudo.
Não sei ainda descrever o que é. Só sei que é uma sensação completada por tanta coisa, tanta força, tanto sentimento, que nem sei como descrever. Ainda.
Ser pai é algo maravilhoso. Faz sentir que viver vale a pena.
Parece até arrogância ou algo pior dizer que, no meu caso, nenhuma mãe sentiu o que descobri tendo dois filhos que amo tanto.
Para algumas pessoas que digo isso, duvidam de mim. Para outras, tal constatação de meu coração é motivo de risada... Para outras, apenas recebo a resposta num comentário mordaz: "você não sabe o que é ser mãe"...
Alguém sabe o que sinto sendo pai? Afora meu coração, que já viveu tanta coisa em seus quase 50 anos, só eu sei o que sinto. E isto me basta.
Mães - e sei que são especiais - podem ter sentido algo igual ao que sinto sendo pai. Mais? eu duvido!
É que já aprendi que é impossível ser mais do que sou sendo pai. Simples, assim!
Quando dizem que exagero sabendo o que sinto sendo pai, respondo que eu sei o que sinto sendo pai. E isto me basta.
Só queria ter competência para mostrar aos meus filhos o quanto os amo. Sempre me cobraram que devemos ser mais exemplo do que palavras... Mas acredito que, com minhas palavras, poderão perceber sempre que os amo muito, mesmo às vezes não podendo ser bom exemplo. Na minha condição humana, portanto sujeita a erros, espero mostrar-lhes um dia que sempre procurei fazer a coisa certa. Mesmo nos meus erros. E que quando errei, aprendi muito assim agindo. E tais lições, que me custaram sofrimento caro e atroz, pude crescer como gente para tentar, com palavras muito mais que com gestos, ser pessoa melhor para que fosse exemplo além de palavras...
Perdi meu pai quando criança. Aprendi sozinho a ser pai. Não tive ajuda, apoio, orientação. Meus instintos estavam certos e pude ter filhos maravilhosos. E os amo. Espero ainda alguns anos de vida para poder ser para eles muito mais exemplo do que palavras.
Mas que saibam amar as palavras, para transformá-las em gestos. E que das vezes que ressurgi, mesmo sem saber nadar, dos mergulhos dos bárbaros e infecundos sofrimentos por onde trilhei equivocadamente na vida, tenham restado motivos de coisas boas para que, um dia, ao serem pais, possam só ter coisas boas para contar do que lamuriar ou lembrar em pleno Dia dos Pais.
Se eu pudesse dar a eles algum bom exemplo? Que fosse o de conhecerem bem as palavras, seus significados e importância, para que os gestos que adotassem e praticassem pudessem ser concretos, definitivos, eternos, amigos, puros, cidadãos...
Meus filhos amados... Que saibam crescer nas adversidades, e que disso possam lembrar com orgulho do pai que tiveram.
Que amem as crianças e nelas acredite que este Planeta pode ser salvo!
Que propaguem que amar o meio ambiente e ter a educação como causa da vida pode mudar o mundo!
Que saibam ser generosos, apesar da dureza da vida e do sistema capitalista nojento que nos governa.
Que saibam amar a natureza, os animais, as plantas... e lembrar do pai...
Que saibam viver a vida sem a necessidade de apelar para algo duvidoso...
Que estejam atentos estes dois meus lindos filhos para ser gente do bem, sempre. É importante ser! O ter não é nada! Que saibam disso!
E que encham a boca para gritar a todos: ser pai é ter tudo!
E que com o tempo possam encontrar palavras para descrever esta maravilhosa emoção da vida!

Dinarte Lopes

sábado, 7 de agosto de 2010

DO VERDE O AZUL

Azul...

Ninguém me convence de que no horizonte
ali e acolá o céu se encontra com a Terra.
Tanto azul não pode ser em vão.
Tanto é assim que à noite não foge
a linha de montanhas das minhas Minas e,
com lua ou sem ela, o céu e a terra encontram-se
como que na busca de seres amados.


O céu ama minha terra, de araucárias e ipês,
de montanhas e muito verde que tanto azul
oferece para que olhemos para o alto sempre.


O azul nos chama. Todo dia.
É luz que alerta. É chamado que denuncia.


Meu poeta astronauta disse que tudo
o que tenho belo de verde e de rios e de montanhas
é azul.
Não é possível que só minha terra seja azul.
Não é possível que só o céu seja azul.
Não é possível meu sangue vermelho não ser azul.
Não é possível que toda cor não seja azul.
Não é possível que todo ser não seja azul.
Não é possível que Deus não seja azul.

Se Deus renasce na Páscoa
e a cada dia,
Ele é azul.
Se Deus vence a morte, Ele é azul.


Porque o astronauta e poeta disse
que a Terra é azul...


Acreditei no astronauta.
Nem deve ter saído do chão com dificuldade,
pois o céu se funde com minha terra no horizonte
azul
e dali ao espaço tudo é azul.
Se é azul é possível.
E se é de noite, o escuro é azul.
Azul escuro, mais azul, mas azul.


Estarei, se assim sendo, no céu azul,
um dia que criar coragem para ir lá.
Não vou conferir o que me disse ainda quando bebê
o poeta astronauta em meu ano de nascimento.
Acreditei nele, não preciso conferir nada.
Eu era apenas um menininho, uma criança,
mas o ouvi crédulo e ansioso por tanto azul.
Por isso cresci. Cresci azul.
Sou azul. Da terra azul. De meu chão azul.
Meu coração é o azul de todas as cores.
Sou filho da terra do azul.


Quem dera seja isso tudo verdade e verdade azul.
Tomara seja o azul a verdade e verdadeira seja
a intenção dos homens com a Terra azul.
A vida é azul, não sabem?!...
As mulheres, que são azuis, cuidam da Terra azul
porque azul é a ternura que nenhuma mulher
consegue esconder da Mulher Mãe Natureza.
Azul.
O homem não conhece isso da mulher?
Se não, ele é menos azul...


Quem dera tanto Azul invada o homem.
Para que ele seja mesmo azul
e descubra que é azul e se aceite como azul.


Azul, azulaço, azulzinho, azulão...
Meu passarinho é azulão
que até sua fêmea por ele se apaixonou
porque é tanto azul e tão azul
que seu canto entontece o céu azul.
E de novo o céu azul e o horizonte azul
se confundem entre as montanhas azuis
e a imensidão, infinita, que sobre ela está.
Céu azul. Horizonte azul. Vida azul.
A eternidade é azul.

Meu horizonte é azul porque nele o céu está.


Pudera eu estar no azul do céu.
Que eu tenha coragem!... Coragem azul...


Se isto tudo, verdade, valeu a pena o sonho e visão
de todo poeta, astronauta ou não.
Será que somente o primeiro astronauta foi poeta?
É que ele soube do azul. Ele era azul.
Se todos fossem azuis, todos saberiam o que digo aqui,
Poetas ou não, astronautas ou não.


Meu horizonte é azul.
O céu está lá porque azul é meu coração
cheio de araucárias azuis e rios azuis de águas azuis...
É azul o meu coração. É azul minhas matas verdes.
É azul minhas montanhas de tantas cores.
Será que é por isso que meus dois filhos são azuis
e gostam tanto de azul?

Meu mundo é azul. Minhas cores são azuis.
E se amam, se respeitam e não desistem.
Se misturam todas, sempre, e dão azul ao azul
para que viver seja sempre algo que valha a pena.
Azul é o céu. Azul é a Terra. Azul é o meu coração.

Azul é minha discordância verbal,
minha doce agressão à língua pátria azul...
Minha poesia é azul.
Meu amor é azul.


Azul é o verde dos olhos do meu primeiro filho
e azul também são os negros olhos do caçula.
E são azuis meus olhos castanhos que enxergam o mundo
― a Terra azul que tanto amo ― e os olhos castanhos
da mulher que amei tanto...

E minha loucura é azul, também,
como a minha lucidez e meus desejos...


Ninguém acredita. Ninguém a não ser meus filhos.
O horizonte em meu coração se encontra com o céu.
Azul.
E todo azul é pouco para esse “mundão” de meu Deus...

Mundão de meu Deus azul.
Meu Deus azul de todas as cores.
Azul. Meu Deus azul. Meu Deus é azul.

Que o viver seja Azul.
Que vencer a morte seja Azul.
Que todas as cores sejam azul.
Que o azul seja toda cor.
Para cada um ser mais cidadão!
Para cada um ser mais feliz!

Dinarte

CARTA DA MARINA

Em seu blog, e assim começo o meu, Zezinho Riêra, em "Viver é Perigoso", publicou a Carta de Marina Silva às suas filhas. O texto segue abaixo, e minha primeira inserção no meu blog foi com a intenção de homenagear Zezinho Riêra, que tem o melhor blog da cidade e região - para se dizer pouco -; tendo ainda a segunda e importantíssima idéia de valorizar esta magnífica mulher, destaque em todo mundo, candidata a Presidente do Brasil, "Minha Linda Marina!".
A carta publicada por Zezinho, que encaminhei a muitos de meus contatos por e-mail, segue a seguir, também inaugurando o Blog do Dinarte.
É um texto longo, fora dos padrões do "internetês". Mas este blog ainda tem esta intenção também: não ser "prolixo", e ser o mais completo possível no passar uma informação.


MARINA E SUA CARTA


Sem temer ser arrogante e convencido - aliás, peculiaridades de uma candidata (PT) e de um candidato (PSDB) à Presidência da República -, digo sempre que voto bem. Escolho certo, voto consciente... e acerto! Voto em quem não me decepciona! Sei votar!

E, humildemente, confesso: sei o que envio abaixo. Trata-se de um belíssimo texto. Nele, como nunca se viu na mídia em geral, apresento Marina Silva, candidata a Presidenta do Brasil! E no texto mostro porque este e-mail chama-se "MINHA LINDA MARINA".
Leia o anexo abaixo, vale a pena!
Porém, antes mesmo de ser uma provocação, lanço este desafio:
1-
Se você, que recebe este e-mail, for mulher, pense bem se seu voto pode ser de outro alguém que não seja Marina.
2-
Se você não for mulher, mas sabe respeitar o sexo oposto, colocando-se no lugar dela e procurando sempre conhecê-la e admirá-la, analise com calma quem você é e veja se pode votar em outro alguém que não seja Marina.
3-
Sou homem. Mas, por ser um pai apaixonado, sei o que é ser mãe. Tenho sensibilidade. Tenho coração. Se você é parecido comigo neste posicionamento, analise o texto abaixo e veja se é capaz de votar em outro alguém que não seja Marina Silva.
4-
Se você não é mulher e é preso a coisas até louváveis, como fidelidade partidária e paixões ideológicas, leia com atenção e espírito aberto o texto abaixo e, sinceramente, analise se pode votar em alguém que não seja Marina.
5-
Se você não gosta de mulher, mesmo sendo uma, mãe ou não, desarme-se e leia o texto abaixo: veja se a pessoa tem que ser economista, ministra, deusa, ou simplesmente ser humano com histórica rica e sofrida para merecer ser Presidenta do Brasil. E creia: ninguém merece mais seu voto que Marina.
6-
Se você não gosta de mulher na política, sendo homem, antes que eu diga pra você o que eu penso do "machismo", duvido que você não vá se emocionar com o texto abaixo! A você, "homem" deste tipo, já aviso: chorei muito ao ler o que se segue. O texto da Marina revela a você, certamente de coração duro - e mal informado - que ela merece ser a Presidenta do Brasil!
Eu bem que poderia enumerar o 7, 8 e 9... Nem precisa. O texto de Marina Silva, abaixo, tenho certeza, vai fazer uma revolução na sua cabeça. Leia com calma, com o coração... E depois me diga se ele tocou você, ou não.
Voto sempre certo. Voto Marina.
Quem tem uma história de vida pra contar, como se vê abaixo, é gente de verdade, é mulher de verdade! Haja PT e PSDB (e outros partidos também!) para ser e ter uma Marina! Sorte do PV que a tem!
Um abraço a vocês todos. Uma saudação verde e azul e colorida de todos os tons que a luz pode oferecer ao nossos olhos. E também à beleza do negro que a falta da luz muitas vezes nos faz nele mergulhar... e sonhar. Ah! e tudo de bom, sempre!

Dinarte Lopes
(35) 8826 3093

"(...) Encontrarei forças no mesmo lugar
onde busquei nas quatro vezes em que cheguei
a ser desenganada pelos médicos:
na fé e na ciência."

* Frase de Marina Silva, quando perguntada se teria condições
de disputar as eleições presidenciais de 2010,
após ter tido cinco malárias, três hepatites e uma leishmaniose,
além da contaminação por metais pesados.

(Fonte: Revista Veja, edição 2.128, de 2 de setembro de 2009)



CARTA ÀS MINHAS FILHAS
SHALOM, MOARA E MAYARA


- por Marina Silva*


Estou com 50 anos, uma bela idade para conversar com vocês, três jovens mulheres admiráveis e lindas em quem me apoio e me referencio diariamente em casa e no mundo. Será que tenho um legado para lhes deixar? Não sei. O que tenho é a minha maneira de ser e viver, na qual vocês deixando marcas tão fortes que, às vezes, penso que fui eu que recebi seus legados. Sou herdeira do que me fizeram ser, em diferentes momentos. E por isso quero me dirigir a cada uma de vocês, porque são inconfundíveis na sua individualidade e porque nossa ligação tem histórias tão próprias que não podem ser generalizadas.

Shalom, minha primeira filha.
Você gerou em mim a mãe, tanto quanto eu a gerei filha, justamente num Dia das Mães, 10 de maio de 1981. Eu era uma estudante de História que não tinha salário, nem carteira assinada, nem plano de saúde, nem previdência. Você nasceu num hospital público, onde me registraram na categoria chamada de "indigente".
Na hora exata em que sua cabeça apontava, lá pelas nove da manhã, tive uma queda de pressão tão violenta que soltei as mãos das tiras em que me agarrava à cama e as pernas bambearam. Sem ver mais nada, só ouvia alguém gritando: "Bota força, sua louca, senão você vai matar sua filha". Mas eu não tinha força alguma, sentia apenas tudo rodar. As lágrimas caíam e, no entanto, nem as pálpebras conseguia abrir ou sequer dizer o que estava acontecendo comigo. Aí ouvi o sotaque italiano da irmã Constanza, a única enfermeira formada na equipe, que entrou na sala aos berros: "Esta mulher está morrendo, vamos salvar a criança!". Abriu-me a fórceps como se abre um objeto e retirou você de dentro de mim, uma menininha que deve ter tido uma péssima primeira impressão do mundo.
Ao mesmo tempo me deram uma injeção e a pressão foi subindo. Vi as enfermeiras aflitas fazendo sucção num corpinho do qual eu via uma parte, bem escura. Pensei: "ela puxou à minha família, ao meu avô descendente de escravos". Enquanto eu era socorrida, fiquei com aquela imagem da minha menina negra, que tinha sido levada para a UTI.
Depois, na enfermaria, todos os bebês chegavam para mamar, menos você. Comecei a ficar nervosa e a perguntar sem parar, mas ninguém te trazia, nem me respondia. Lá pelas duas da tarde, finalmente, você chegou. Mas era branca, e eu comecei a dar escândalo, dizendo que tinham trocado minha filha. A enfermeira, de outro turno, não sabia da confusão da manhã, nem que você, devido ao sofrimento, tinha nascido muito arroxeada, o que me fez confundir a cor de sua pele, pensando que era escura. Ela só sabia dizer que o bebê era aquele mesmo. Te peguei você no colo pela primeira vez e comecei a olhar tudo, à procura de algo que comprovasse que era minha. Aí encontrei, nas costas o mesmo sinal vermelho, o mesmo desenho que sua avó dona Raimunda tem entre os seios. E, na coxa, ainda havia resquícios da cor escura que havia visto antes.
Foi muito difícil o que vivemos juntas: o instante de me constituir como mãe, a experiência mais visceral que existe. E, naquele momento, de uma radicalidade tão profunda, ganhei também uma fortaleza que sinto e sempre sentirei como ligada a você.
Depois você se transformou numa criança cheia de personalidade, que adorava dançar. Num carnaval, quando tinha uns dois anos, fiz uma fantasia de bailarina de filó e, enquanto eu e seu pai, Raimundo, aguardávamos o desfile dos blocos, você tentava se aprumar na ponta dos pés. Caía, levantava e tentava de novo, com muita determinação.
Você cresceu praticamente dentro da Universidade Federal do Acre, acompanhando-me em tudo. Aliás, seu nascimento aconteceu durante uma greve. Sua avó Raimunda e minha tia Chiquinha me ajudavam, mas, na maioria das vezes, eu acabava tendo que levar você para a sala de aula e até para as assembleias e outros eventos da minha militância política. Ouvir discursos fez parte do seu aprendizado da fala. Tanto que uma vez, em casa, quando tinha uns cinco anos, chegou com uma caixa de fósforos amarrada num barbante, subiu no braço do sofá e começou: "companheiros, mãe, temos de respeitar nossa dieta líquida". Os gestos, a entonação, eram iguaizinhos aos que eu fazia! Fábio e eu caímos na gargalhada, mas até hoje não sabemos de onde você tirou a bandeira da dieta líquida!
Lembro-me de outra história de sua infância, na qual já se manifestava o polo forte que seria na família. Era a formatura do Danilo no maternal, lá no SESC de Rio Branco. Ele estava lindo, muito arrumado na sua roupinha branca. Chamamos um fotógrafo. Ele se abaixou, começou a mexer nas máquinas e disse algo que não ouvimos, mas você ouviu e, seja o que tenha sido, interpretou como uma caçoada com seu irmão. Só vimos quando partiu pra cima do fotógrafo – sem levar em consideração o que seria um confronto com um homem daquele tamanho – e, muito vermelha, de dedinho em riste ameaçou: "Você não manga do meu irmão ou leva um tapa".
Também recebi sua solidariedade quando você era bem pequena e eu atravessava um período muito difícil. Ao me pegar chorando, sentou-se no meu colo e, acariciando o meu rosto, disse: "Chó não, mamãe, chó não".
Passou o tempo e aprendi outra lição com você. Eu queria costurar e você em cima, não deixava, tentando por toda maneira chamar minha atenção. Aí apelei para a chantagem emocional: "Shalom, vai pro berço brincar senão mamãe chó". Você parou, olhou para mim sem condescendência e foi definitiva: "Pode chó!".
Shalom, seu nome significa Paz em hebraico.
E você é uma boa representante da paz: quer entender as pessoas, suas razões, seus sofrimentos, e ajudá-las a encontrar a força interna, o equilíbrio, a tranquilidade. Não sem razão foi pelos caminhos da Psicologia, buscando a paz que começa a se formar dentro de cada indivíduo e se consolida no aprendizado de que acolher o outro não significa se tornar refém do desejo e das circunstâncias de ninguém.

Moara, primeira filha do meu segundo casamento, com Fábio, você foi um nascimento planejado, mas num momento muito intenso, no ano de 1989.
Estava no auge a campanha presidencial do Lula contra o Collor e eu era vereadora em Rio Branco, a única representante do PT na Câmara, numa conjuntura de grande tensão.
Eu estava no "olho do furacão" porque, mesmo sem ter sido de caso pensado, no primeiro mês do mandato mostrei a um jornalista o meu contracheque quando ele me perguntou quanto ganhava um vereador. No dia seguinte, o jornal estampou na primeira página os vários itens que compunham a nossa remuneração e isso virou um escândalo. A maioria dos vereadores ficou inconformada por eu ter aberto a caixa preta. E o troco veio quando você nasceu. Um vereador ameaçou pedir minha cassação, outros apoiaram, por me ausentar durante quinze dias corridos sem que o regimento previsse licença-maternidade.
Com quinze dias de resguardo, tive de ir à Câmara me defender. O clima era muito ruim. Alguns vereadores discursavam contra mim, outros mantinham silêncio e apenas dois, Regina Lino e Orlando Sales, foram solidários. Foi um grande sofrimento, principalmente porque me parecia uma situação absurda. Estava muito sensível e, de repente, meu leite começou a jorrar e empapar minha roupa. Chorei, chorei muito, não conseguia parar. Os funcionários não se mexiam sequer para me dar um copo d’água, com medo de ficarem malvistos. Então o Sabino, que era o taquígrafo da sessão, deixou o seu lugar, pegou-me pelo braço e levou-me para uma sala, onde ficou conversando para me acalmar até Fábio chegar para me buscar.
Esse fato mostra até que ponto a política pode ser insana.
Aquela atitude dos vereadores, insistindo na minha cassação, além de ser retaliação pessoal, era a oportunidade de afastar da Câmara a então única representante do PT. No dia seguinte, a imprensa divulgou o acontecido e foi um levante em Rio Branco. Regina e Orlando apresentaram uma emenda ao regimento interno, dando previsão legal para a licença-maternidade, o que foi aprovado imediatamente.
Moara, o seu nome significa liberdade em tupi-guarani. Você já sabe por que o escolhi, mas vou contar essa história novamente. Eu estava no oitavo mês de gravidez e andava pra todo canto do Acre naqueles aviõezinhos monomotores, fazendo a campanha do Lula. Os pilotos tinham medo que entrasse em trabalho de parto durante um vôo, mas eu ia mesmo assim. Éramos sempre quatro. Um ficava na frente, ao lado do piloto, e três iam espremidos no banco de trás. Em geral eu ia no meio, com o Jorge Viana de um lado e o Tião do outro. Pois era só subir o avião e você começava a se mexer bastante e a chutar. A tal ponto, que acertava as costelas do Jorge e do Tião.
Numa dessas vezes, decidi que seu nome seria Moara, porque gostava mesmo de voar, de ter asas, de liberdade. E, de fato, minha intuição correspondeu à sua personalidade: expansiva, altamente comprometida com valores, com o olhar sempre voltado para as injustiças do mundo, procurando engajar-se em algo que as amenize.
Quando nos instalamos em Brasília, você e a Mayara eram pequenas e, temendo que danificassem algo no apartamento funcional, a todo momento eu chamava a atenção de vocês com frases do tipo: "cuidado para não riscar a mesa do erário", "apaguem a luz para não aumentar a conta do erário", "cuidado para não quebrar esse vaso porque é do erário". Um dia, com a carinha muito aborrecida, você me disse: "Mãe, quero voltar pra nossa casa no Acre. Eu não gosto daqui. O Erário é muito chato e a gente não pode fazer nada na casa dele."
Aos treze anos, você foi me representar na entrega de um prêmio em São Paulo e, no discurso de agradecimento, num improviso muito bonito e muito aplaudido, contou essa história do erário. Concluiu dizendo que tinha aprendido que erário era aquilo que pertencia a todos e que a natureza era uma espécie de erário que deveria ser muito bem cuidada por todos.
Seus sentimentos estão sempre à flor da pele quando se trata das grandes causas. Vi isso na forma interessada e dedicada como agora, estudante de Direito, acompanhou os debates e o próprio julgamento no Supremo Tribunal Federal sobre a Terra Indígena Raposa Serra do Sol. E saiu de lá com um brilho nos olhos, falando em se especializar em Direito Ambiental e Indígena. Um caminho difícil, mas, estou certa, de bom tamanho para os seus ideais e o seu coração.

Mayara, minha filha mais nova, você foi uma sobrevivente do improvável.
Em 1991, eu estava com problemas de saúde que evoluíram rapidamente para um quadro de suspeita de comprometimento neurológico grave, devido às tonturas quase permanentes e o turvamento da visão. Fui para São Paulo e lá, no Hospital Albert Einstein, os médicos desconfiaram que o problema poderia estar sendo causado pelo mau funcionamento da tireoide.
O hospital tinha como norma fazer teste de gravidez antes do exame comprobatório. Fiquei irritada porque eu "sabia" que não estava grávida e achava que isso só atrasaria ainda mais o diagnóstico, sem falar no item a mais na conta. Quis comprar briga, mas os médicos foram irredutíveis. O protocolo era esse e deveria ser cumprido.
Quando saiu o resultado, fui de nariz bem empinado para soltar o clássico: "Está vendo? Acabei fazendo um exame inútil!". Nem deu tempo. A entrega foi acompanhada de um sorriso e de um cumprimento ao Fábio: "Parabéns, papai!". Fiquei literalmente de boca aberta, sem conseguir pronunciar uma palavra.
Naturalmente o exame de tireoide não pôde ser feito. Descobriu-se uma contaminação por mercúrio, mas o tratamento não poderia ser feito durante a gravidez. Algumas pessoas chegaram até a questionar se era razoável colocar minha vida em risco, já que teria de ficar nove meses sem tratamento. Para mim, interromper a gravidez estava totalmente fora de cogitação. Fiquei na mais absoluta defensiva. Recusava-me a tomar qualquer remédio porque, imaginava, tudo poderia fazer mal ao bebê.
Foi uma gravidez difícil. Cheguei a pesar 47 quilos aos oito meses de gravidez. Voltei para o Acre. Nas últimas semanas fiquei internada. Minha saúde estava de fato muito abalada. Não conseguia dormir porque temia que o bebê não sobrevivesse, caso algo me acontecesse durante o sono. Depois de três dias insone, pedi ao Fábio que me deixasse dormir no seu colo, fazendo-o prometer que, caso notasse alguma coisa estranha, pediria para retirar a criança imediatamente.
O Dr. Julinho entrou no quarto e viu essa cena. Quando Fábio explicou por que eu estava dormindo naquelas condições, o Julinho decidiu que não dava mais para esperar e tirou você da minha barriga na manhã seguinte. Não tinha sobrancelha, não tinha unhas, mas nada disso teve a menor importância. E hoje você é essa mulher linda!
Os primeiros anos de seu desenvolvimento também foram muito difíceis para mim. Eu só conseguia ver um lado do rosto das pessoas. O outro saía de foco, como se estivesse dissolvido numa sombra. Uma coisa muito aflitiva, mas foi assim que vi os objetos e as pessoas durante muito tempo.
Quando você nasceu, um dos meus maiores pesares foi não ver direito o seu rosto, o que só aconteceu após me recuperar, em 1997. As feições de seus irmãos, eu as via na imaginação porque, quando eles nasceram, eu estava bem. Mas o seu rosto eu nunca tinha conseguido visualizar inteiramente. Você estava com doze dias de vida, quando voltei a São Paulo para retomar o tratamento que continuei em 1996, nos Estados Unidos.
Com essas viagens e outras que passei a fazer como senadora, na primeira fase de sua vida você ficou aos cuidados de sua avó, dona Neide, e do Fábio. Você foi uma criança supersaudável, compreensivelmente muito agarrada ao pai e à avó. Mesmo assim, além de ser muito parecida comigo fisicamente, pegou alguns dos meus cacoetes desenvolvidos durante a doença, como o de passar a mão sobre os olhos, tentando tirar uma sombra inexistente.
Acredito que, mesmo com todas as dificuldades, nunca ficamos de fato distantes. Lembro-me de uma sexta-feira em que eu ia viajar para o Acre e, como acontecia quanto tinha de me ausentar, você não queria sair de perto. Para prolongar um pouco o nosso tempo juntas antes de embarcar, eu a levei ao Senado, de onde iria direto para o aeroporto.
Ao chegar ao gabinete não houve papel e lápis que a distraíssem. Sem desgrudar de mim, tive de levá-la comigo para o plenário, onde havia apenas dois senadores, sendo um deles o senador Eduardo Suplicy. E foi então que você, aos três anos, teve seu primeiro embate com as instituições. Praticamente um ato de desobediência civil…
Você se sentou ao meu lado, na cadeira desocupada, bem quietinha, com ar até solene, naquele espaço enorme e quase vazio. Então, o senador que presidia a sessão anunciou que, "de acordo com o regimento interno", artigo tal e tal, não seria permitido a pessoas estranhas ocuparem os lugares dos senadores. Bem que eu tentei retirar a "pessoa estranha", mas quem disse que você queria sair de lá? Segurou-se na cadeira e seguiu-se uma cena hilária: o senador, insistindo na leitura dos artigos do regimento, os seguranças aproximando-se e a pequena "pessoa estranha" caindo no choro. Voltamos ao meu gabinete e, no dia seguinte, a primeira página do jornal O Globo trazia estampada a nossa foto, com uma crítica ao senador que não tivera a sensibilidade de entender que você não era de forma alguma a "pessoa estranha" a que se referia o regimento.
Outra vez, ainda nos corredores do Senado, Raquel Ulhoa, jornalista da Folha de São Paulo, comentava a nossa semelhança física: "Nossa, senadora, ela é a senhora, igualzinha". Ao que fomos interrompidas por você que, muito séria, corrigiu a Raquel: "Mas eu não sou senadora, eu sou a Mayara".
Mais tarde, você reafirmou essa independência quando mudou de escola, na oitava série, decidida a encarar um dos colégios mais puxados de Brasília. No início não entendi bem, mas respeitei quando me impôs uma condição: não queria que eu aparecesse no colégio. Se me ligassem de lá, eu deveria me identificar como Maria Osmarina. E, nas reuniões de pais, só o pai, Fábio, ou a irmã mais velha, Shalom, poderia comparecer. E assim você passou um ano incógnita, sem ser tratada como "filha de autoridade", uma verdadeira instituição em Brasília. Teve enormes dificuldades em matérias como Matemática e Física, mas as superou e chegou o dia da formatura.
Estávamos todos à mesa, na casa de festas, quando alguém comentou: "Poxa, Mayara, por que você nunca comentou que é filha da ministra?". Sorrindo, você desconversou e quando a pessoa se afastou, explicou-me: "Entendeu, mãe, por que eu não queria que você aparecesse? Eu queria ser aceita por mim mesma".
Entendi, filha, e não me ofendi pelo meu exílio de mãe. Ao contrário, sinto um grande orgulho de você, de suas irmãs e de seu irmão, que nunca usaram expedientes de se escorar em privilégios e não se deixaram contaminar pela cultura do poder.

Uma palavra para vocês três (e que, espero, o Danilo também leia).
Sonho é algo de que a gente não pode abrir mão, nunca. Renunciar aos nossos sonhos essenciais, supostamente em favor do outro, é sempre uma conta que acabamos cobrando de alguma forma. Sinto-me uma mãe feliz, agradecida, porque fui capaz de preservar os meus sonhos fundamentais e hoje posso deixá-los como legado ou testemunho de que só aprendemos a voar, voando.
Nunca enxerguei vocês como impedimento para a realização dos meus sonhos, assim como também nunca me vi como empecilho para que constituam os próprios sonhos. Devemos preservar o que é essencial na utopia, no nosso desejo, porque é isso que deixamos para os filhos: um espaço de desejo para que se realizem.
Quem subtrai o seu desejo, cria filhos anêmicos de alma. Espero que minhas filhas e meu filho tenham uma boa dose de glóbulos vermelhos de sonho. A renúncia e o sacrifício nunca podem desconstituir aquilo que é o fundamento da existência de uma pessoa, porque é daí que vêm a densidade e a força para sustentar o outro e ser sustentado por ele.
Quero lhes dizer também que não se deve ser refém do passado. Concordo plenamente com a Alicia Fernandez, psicopedagoga argentina, que diz que somos o resultado do que fazemos com o passado e não daquilo que o passado faz conosco. Se o passado determinasse a vida, o meu – de muita doença, sofrimento, exclusão e impossibilidades – teria gerado mais doença, exclusão e barreiras. Ter ressignificado esse passado me fez conseguir novas oportunidades e novos horizontes. É o que desejo para meus filhos e para todos os filhos da humanidade.
Se há uma herança que posso lhes deixar, ela é um tecido que vocês mesmas me ajudaram a tecer, feito de fé, sonho e determinação. Tive de me erguer, muitas vezes, apoiada unicamente na fé, a força que – ao contrário do que comumente se pensa – não restringe, mas amplia a capacidade de conhecer e pensar. Nunca vi minha fé cristã como empecilho ao meu crescimento, como justificativa para preconceitos ou exclusões, ou como pretexto para posturas conservadoras. Foi com fé que aprendi as lições do apóstolo: "Examinai tudo. Retende o bem." Aprendi que não devemos nos conformar com esse mundo, mas nos transformar pela renovação de nosso entendimento e, ainda, que "diante de Deus não existe judeu nem grego, nem servo nem senhor, nem macho nem fêmea, porque todos somos igualmente filhos de Deus."
A fé faz a ponte entre o mistério e a realidade. É ela que move as montanhas do impossível. Não consigo viver sem fé, sem sonho, sem determinação, sem esperança. Para mim são essas as forças que tornam a vida prenhe de realizações.
Não tenho a pretensão de querer lhes impor minha experiência. Mais acertado, talvez, seja dizer que são lições que aprendemos juntas. Vocês me trouxeram, cada uma a seu tempo, mais fé, mais sonhos e mais determinação.

Por todas essas lições quero lhes agradecer em um poema que fiz e que é quase uma oração:


Sei não ser a firme voz
que clama em meio ao deserto,
mas me disponho estar perto
para expandir o seu eco.
Sei não possuir coragem
de morrer por meus amigos,
mas me disponho a guardá-los
no mais recôndito abrigo.
Sei nem sempre ter a força
de amar meus inimigos,
mas me disponho a não me vingar,
não lhes impingir castigo.
Sei nem sempre ser aceito
o fruto de minha ação,
mas me disponho a expô-lo
ao crivo d’outra razão.
Voz, coragem, força e aceitação
têm fonte no mesmo Espírito,
origem no mesmo Verbo,
lugar onde me inspiro
e a semelhança preservo,
na comunhão com meu próximo,
no Logus que em mim carrego.


De sua mãe, Marina


* Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima nasceu no Acre em 8 de fevereiro de 1958. É uma mulher destaque na política brasileira, ambientalista e pedagoga. É considerada uma das 50 pessoas no mundo que tem condições de salvar o Planeta! Marina Silva foi do PT e deixou o partido em 2009. Foi consequência natural de seu novo curso político, embora sofrido, após renunciar, em 2008, ao Ministério do Meio Ambiente no governo Lula, onde não vinha recebendo o devido apoio político e a merecida consideração. Filiou-se, ao Partido Verde (PV). A sua candidatura à Presidência da República, em 2010, trouxe o tema Meio Ambiente nas discussões políticas eleitorais.

Postado no site do Movimento Marina Silva em 18/01/2010 por Equipe Marina

Dinarte Lopes
ITAJUBÁ-MG
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(35) 9166 6886

AO ZEZINHO

Oi, pessoal!
Tudo azul?
Já sei! Tirando os erradinhos o resto tá tudo certinho!

Começo esta publicação ou inauguro este blog publicando algo que talvez já esteja no "Viver é Perigoso", do Zezinho Riêra, que acompanho faz tempo em Itajubá-MG. É o que se segue:


VIVER É PERIGOSO: CARTA ÀS MINHAS FILHAS - MARINA

Valeu, Zezinho, pelo belo texto. Tenho divulgado este, e outros também, para que as pessoas conheçam verdadeiramente os candidatos e candidatas à Presidência da República. É um belo texto que encaminhei a aproximadamente 3.000 contatos meus e fiquei muito feliz pela sua sensibilidade em publicá-lo no seu excelente blog. Parabéns a você e que muitos possam conhecer "Marina, minha linda"! Aliás, este é o nome do texto que encaminho aos meus contatos. Se Rita Lee diz que ela tem cara de fome, digo que ela tem a cara do Brasil e dos brasileiros de verdade! Grande Marina!
De novo: valeu, Zezinho!

Dinarte Lopes

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Depois disso, publico também aqui no http://dinartegml.blogspot.com/ a carta da Marina, com algumas considerações de minha parte...
Vamos trabalhar?!